E tudo começou por uma distração. Não havia algo para ser feito, o tempo seria desperdiçado de uma forma imperdoável. E não seria um tempo de duas horas, mas sim um de cinco meses.
Uni-du-ni-tê: eu escolheria uma das duas salas. Optei pela segunda. Meu sexto-sentido, como sempre, sendo meu companheiro indispensável de todos os dias.
E lá estava. A apresentação, eu havia perdido. Não sabia, inicialmente, o nome, de onde vinha, nada. Nem dali eu era. Estava me comportando como um ectoplasma de uma amiga minha. Depois as informações foram chegando, paulatinamente. Fiquei sabendo, inclusive, que Ela tinha facilidade de armazenar cálcio no corpo e, por isso, tinha de beber muita água. Agora, sim, está explicada a origem daqueles olhos marítimos, capitolinos. Água que errou o caminho, resultando numa íris de pincel.
Meu cérebro só conseguia fazer sinapse direcionada: “SIGA, SIGA, SIGA; casa, casa, casa.” Precisava chegar logo em casa para fazer uma alteração não somente de Lingüística, e, sim, uma modificação urgente de dínamo: é possível aliar prazer a uma disciplina que era, inicialmente, o calo do meu pé. Seriam cinco longos ou curtos meses, dependendo do ponto crucial da situação: Ela ou ela.
As abordagens eram feitas de uma forma magistral. Sim, a magistra estava transformando o meu ponto fraco acadêmico em uma abstração sublime. Soubliá: pontada. Era só isso o que eu sentia. Pontada.
A mousa de Chomsky, a Helena gerativista, a Palas Atena da Sintaxe. O princípio saussureano da linearidade da língua agia como um aedo ou rapsodo, cantando poeticamente.
Foi assim: pá-pum! Enpathía. “Ad-miração” indo na onda da imutabilidade do signo.