Convicções são suficientes para se calcar um objetivo, e tê-lo como meta. Dúvidas são suficientes para que essa jornada se torne menos impossível (e até mesmo menos ingrata). Mas até que ponto chegar para que suas ideologias sejam preservadas e, assim, evitar um ideal estático e plástico?
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É fácil viver no limiar e se fechar a qualquer risco, negando a validade de propósitos e aspirações que não sejam ou que apenas não comunguem da mesma raiz lógica dos seus. Viver temerariamente me assusta: a possibilidade da perda e da falta de opções são as razões de uma insônia constante. Evitar as pedras do caminho pode ser a opção mais cômoda, mas não é a mais acertada (essas metáforas-clichê são odiosas, mas...).
A máxima de que quem mais arrisca mais ganha, e por conseqüência sente menos as perdas, é inegável. “Arriscar” é uma banalidade hoje em dia: virou desculpa para determinados atos e, em relação a alguns dogmas, perdeu o caráter social e libertário. Duas mulheres, por exemplo, com papéis familiares totalmente opostos (uma é dona-de-casa e a outra independe do marido), lidarão de maneira diferente com uma traição: a primeira perde tudo (mesmo que ela permaneça no relacionamento) já que apostou suas fichas em apenas um aspecto dentre infinitas possibilidades de “como se viver”. Previsível.
O X de toda a história (e do exemplo fraco) é a conduta da segunda mulher: ter estabilidade financeira e ter sido traída não faz dela uma guerreira invencível (mesmo que ela acredite nisso) cujas culpas e atos irresponsáveis serão perdoados. Sem fazer nenhuma generalização, é inerente ao homem a busca por piedade quando se está “por baixo”. Piedade, porém, não é liberdade (eu ia fazer uma explicação bonita sobre o sufixo -dade... mas deixa pra lá!).
Simplificando a idéia complicada: ser livre ou não ter nada (aparentemente, as únicas opções) levam a loucura. O mundo é dos insanos.
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Seguir em frente ou mudar radicalmente os planos? Dúvida.