A filmografia de Bette Davis percorre todas as possibilidades de estilos cinematográficos hollywoodianos. De magníficos dramas como “Vitória Amarga”, perpassando textos clássicos como “Dama por um Dia”, a filmes de grandiosidade imensurável para o cinema americano e mundial (“A Malvada”, “Baby Jane”, “Jezebel”, só pra citar alguns).
Ao contrário de grande parte das estrelas da época, venceu majoritariamente pelo talento (já que a beleza, comparada a outras atrizes, lhe faltava); não foi Scarlett O’Hara, mas foi a genial Margo Channing. Papel fundamental também teve na relação entre os estúdios e os artistas: não se prendeu a contratos que levavam freqüentemente ao fim da carreira. Sua independência a libertava da obrigatoriedade de atuar em filmes determinados pelos estúdios (que eu saiba só Garbo tinha suas decisões acatadas... e olhe lá) e permitia a escolha de papéis com o qual mais se identificasse.
Quando ninguém mais a queria, a coragem lhe fez oferecer seus serviços em um anúncio de jornal. O mesmo sentimento foi combustível que a levou a contracenar em “Baleias de Agosto”, pouco antes de sua morte. Não escondia seus desafetos (Joan Crawford e Faye Dunaway, por exemplo), nem a vontade de ter ganhado, segundo ela, “pelo menos mais três Oscar”, além dos dois que já tinha.
De uma carreira de mais de 60 anos, milhares de fãs, uma música em sua homenagem, filmes que abarcam uma variedade imensa de assuntos e uma personalidade tão forte que ainda é possível ouvir seu ressoar. E no centenário do seu nascimento, uma infinidade de matérias e crônicas vem saudar aquela que talvez seja a maior atriz de todos os tempos (eu disse “talvez”). Nada mais merecido.
A adúltera, a assassina, a mendiga, a estrela de cinema esquecida, a mãe cruel... O melhor papel de Ruth Elizabeth Davis foi, definitivamente, o de Bette Davis. Durante 82 anos.
Obs.: mais filmes dela precisam ser lançados em DVD.