Eu decidi que, a partir de hoje, a vermelhidão viva e tremeluzente das concretudes é minha. O ego precisa reconhecer-se, dar um grito na decrepitude de um dixhuitième vigésimo primeiro e decretar um novo século das luzes interior.
Sinto falta de personagentes. Somente enxergo ficções e ficcionalizações de tudo, todos e todrem. A inércia alheia perambula conosco, caracterizando ectoplasmas encostados.
Quero ver uma água viva, uma descoberta do mundo, uma veia no pulso e aprender a viver com a paixão segundo G.H. Descobrir os mistérios de coelhinhos pensantes, ter acesso às vidas íntimas de Lauras e sempre, sempiternamente, ficar perto de corações selvagens.
Seria interessante ter um processo de metamorfose, escrever uma carta ao pai perguntando o porquê do cosmos.
Preciso de um otimismo cândido e, ao mesmo tempo, de uma sensibilidade, um subjetivismo rousseauísta. De uma mímesis aristotélica que se faz necessária na divisão dos meus mundos, na minha linha khorismótica.
Uma rotina com espécies de Medéia ao meu lado para que os antídotos e a cura para as enfermidades pseudo-civilizatórias fossem descobertos, uma esfinge que me desse um enigma para ser desvendado na busca de meu próprio caráter Édipo, Macabéas me esperando em cartomantes e uma poética eterna nos meus poros precisam ser avidamente procurados, a fim de que um SER seja.
O que eu queria mesmo é poder chamar Platão pra um botequim e esfregar na pele o arrepio que os poetas causam naqueles que abrem as portas da sua Tróia interior.
Está bem, Morus. Vamos. Eu sei que é utopia. Mas é exatamente ela a responsável pela plasticidade dos dedos róseos da minha aurora.