quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Post 21: Desapega, meu bem!

Se tem algo que me deixa com um certo vilipêndio nas costas, esse algo são as queixas em excesso. Sabe aquela pessoa que vive reclamando da sua vidinha medíocre, das pessoas ao seu redor, do comportamento da sociedade para com ela? Pois então, isso deixa os meus alicerces completamente desestruturados.


Uma pitada de raiva, contagem até 20 e, pra fechar, a minha tão amável companheira de todos os dias, juntamente com seu esposo: indiferença e desprezo.


E a gente se mostra indiferente, despreza, não dá trela, mas mesmo assim a criatura continua usando os seus antolhos, não enxergando a carinha irônica de “ah, jura? Coitadjénha!” do seu interlocutor tão interessado em conseguir uma vaguinha no céu. Acho que comprar indulgências seria mais fácil, hein.


“Era na verdade um olhar profundo e desesperadamente triste, com o qual traduzia um desespero calado, de certo modo irremediável e definitivo, que já se transformara em hábito e forma.”¹ É, queridinho. Hesse conseguiu entender você, tá vendo? Essa mania de queixar-se de tudo virou seu hábito, mon amour. Agora já que você viu que Hesse te entende, vá em um centro espírita e tenta contato com ele. Fica a dica, colega.

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¹ “O lobo da estepe”. HESSE, Herman. Pág.19 Ed.Record.

Post 20: Sobre o Oscar e outros prêmios.

Alongando-me um pouco mais no assunto Oscar... Vou me ater nos prêmios de interpretação... há um bom tempo a Academia não é tão justa. Dizem que com a greve dos roteiristas, os votantes conseguiram, de fato, assistir aos filmes indicados.

Melhor ator foi barbada total: Daniel Day-Lewis é um dos melhores atores da atualidade e as interpretações dos seus concorrentes não chegam aos pés da dele (aliás, já devia ter outro por "Gangues de Nova York"). Só senti falta do Ryan Gosling, por "Lars and the Real Girl", entre os indicados. Barbada semelhante na categoria dos coadjuvantes: Javier ganhou, como esperado (também já devia ter um na estante, por "Antes do Anoitecer"). Uniu-se, nos dois casos, a vontade da Academia de se "desculpar" por um erro anterior e duas ótimas interpretações. Coincidência talvez.

A melhor atriz também foi premiada. E eu duvidei muito disso. Dava uma mão pela vitória da Julie Christie... veterana que volta em grande estilo ao cinema? Eles adoram. E ela já havia ganhado o Globo de Ouro e o SAG. Mas Marion mereceu. Em relação a categoria mais disputada do ano, atriz coadjuvante, TODAS as interpretações eram dignas de prêmio. E deu Tilda. "Barbada". Explicação: os votos se dividiram entre Cate Blanchett e Ruby Dee. Tilda correu por fora e cresceu nas últimas semanas ao ganhar o BAFTA. Eu cantei a bola... e acertei.

Discordo dos que defendem a não-validade de um prêmio como o da Academia. Sendo um prêmio americano, a tendência é que filmes/atores/produções americanos(as)/ingleses(as) vençam. Óbvio que existem falhas na história da premiação ("Rocky", Halle Berry, Martin Scorcese ganhando pelo filme errado, etc), mas o valor de um homenzinho dourado é de extrema importância na indústria hollywoodiana. Eles vão deixar de premiar Gwyneth Paltrow? Claro que não. E por quê? Ela precisa dele mais do que a Fernanda Montenegro, mesmo que não tenha o melhor desempenho. Ela vai ser responsável pela renovação do cinema americano. Como, com certeza, Kate Winslet e Julianne Moore ganharão um dia e Meryl Streep ganhará outro... Eles apostam, homenageiam e investem.

Em relação ao festival de Berlim e "Tropa de Elite": nada a se comemorar. A exaltação do filme seguiu a tendência do festival de premiar obras não-conhecidas. Tão político quanto o Oscar.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Post 19: Sobre idéias e pessoas.

Discórdia é ingrediente fundamental em qualquer relação inteligente. Pontos de vista divergentes, e uma discussão saudável, são importantes para crescer socialmente... não apenas como indivíduo pensante.

Atitudes rebarbativas me irritam. Muito. E ser rebarbativo não é sinônimo de discordar. Escuta e não compactua com determinada opinião simplesmente porque essa idéia atinge a você, ou algo/alguém que você gosta ou preza. Aliás, situação corriqueira: as pessoas, em geral, estão preparadas apenas para ouvir o que lhes é agradável. Não existe embasamento em sua opinião, e um discurso vago e sem profundidade acaba surgindo. Você pode achar natural... eu acho, de certa forma, estúpido.

Qual a graça de um mundo igual? Eu e você... pensando da mesma forma? Eu quero que você discorde de mim, pra que seus argumentos me tornem um pouco mais você, e eu não seja o mesmo ignorante, em determinado assunto, de uns minutos antes... eis a riqueza de se conviver.

Idéia meio vomitada... mas válida. Deve ser a hora...

Ah! A Marion Cotillard ganhou o Oscar... merecido. Enfim...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Post 18: Prefiro isso a aquilo.

Prefiro dormir para não ver o tempo passar. Para não lembrar que há pessoas morrendo, que há pessoas nascendo para morrer e morrendo para viver.

Prefiro escrever para não esquecer que há pessoas analfabetas, cuja vontade de aprender ainda não morreu, mas a esperança e a probabilidade de sucesso despedem-se dia a dia.

Prefiro ver as cores do mundo para, se possível, enxergar pelos daltônicos, que até hoje não tiveram o prazer de apreciar o arco-íris e correr em sua direção para tentar achar um pote de ouro, mas que, infelizmente, não fará com que sua visão seja perfeita.

Prefiro cansar-me correndo ao invés de não me cansar porque não tenho pernas.

Prefiro a fantasia à realidade. Prefiro dormir para não ver injustiça. Prefiro escrever para comunicar àqueles que não sabem. Prefiro ver as cores do Brasil para ser patriota. Prefiro cansar-me correndo para chegar logo em casa e voltar a dormir.

Post 17: Sobre filmes (II)


Norma Rae (Norma Rae) - 1979

Se você gostou de "Erin Brokovich", você definitivamente vai amar "Norma Rae". Além da referência as personagens principais no título de ambos os filmes, existem muitas semelhanças entre as duas películas. Até a importância das atrizes principais: Sally Field é uma espécie de Julia Roberts das cavernas (aliás, as duas estão juntas no legal "Flores de Aço").
"Norma Rae", basicamente, se calca em transmitir a mensagem de acreditar e lutar pelos seus ideais. Nada muito novo. Em que sentido o filme ganha dos outros que possuem o mesmo propósito? Ele não é piegas. O ideal buscado não se relaciona a nenhuma questão amorosa, mas sim a melhorias em uma antiga tecelagem, fonte econômica de toda uma cidade.
Com a chegada de um sindicalista, Norma Rae se dispõe a ajudá-lo, deixando sua vida pessoal em segundo plano, e lutando de todas as maneiras a fim de conseguir uma condição mínima de trabalho.
E eu pago pau pra Sally Field de qualquer jeito, então... filmaço!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Post 16: Insight provocado por Fernanda Young.

Há alguns dias atrás que eu fui perceber a genialidade da Fernanda Young, vendo o seu programa na GNT. Foi aí que, mais uma vez, eu vi que o preconceito impera na maioria da população, inclusive – sim, acreditem! – na minha. Mesmo sem querer, mesmo eu tentando ser aberta a esse mundo tão multiforme e heteróclito, como diria o encosto da Lingüística, pai Saussure.

O jeito debochado e irreverente me atraiu. Mas, obviamente, a sua inteligência exótica-erótica foi fundamental nesse processo de admiração. Definitivamente, Fernanda é singular. Principalmente por ter feito com que eu, Luciana Póvoa, tão ligada nas pessoas aparentemente “certinhas” ficasse de queixo, olhos, nariz, pés e mãos caídos.

Fernanda me fez parar pra pensar. Fez com que eu deixasse um pouco a parte atrofiada do meu cérebro. “Só tenho tesão pelas pessoas que têm conteúdo”. É, Young. Isso foi o estopim, o dínamo da questão.

Viciei. Não há como negar.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Post 15: Sobre ego e perguntas.

O amor é egoísta. Você ama ou você ama ser amado? Ser amado não é sinônimo de correspondência: o ego infla quando você descobre que alguém gosta de você. E quando se declara? Mesmo que você não dê nada em troca? É natural ao homem se envaidecer, não apenas no que tange quesitos amorosos.

Aí, então, você não é mais amada. Não correspondeu... perdeu, diz sua amiga. Sem mais declarações e provas de amor. Você explode de fúria: como assim não me ama mais, impossível!? O mundo é feito de limites: faltou a você pensar que suas atitudes em relação a ele o fazem mudar de postura. Ele parou no limite da humilhação. Agora você o quer. Só dá valor quando perde, diz a amiga dos clichês. Valor ou ego? O amor é egoísta ou o homem é egoísta?

A verdade: cria-se uma perspectiva em relação ao amor totalmente infundada. Ares românticos e passeios no bosque. A probabilidade de uma relação assim é mínima. E, normalmente, quando ocorre tem prazo de validade: viver num mundo de fantasias é psicologicamente conflituoso (não dá pra ter 30 anos e viver como duas marmotas apaixonadas!). Não fantasie, e não seja tão egoísta... esse é o pior mal. Entenda a diferença entre ser amado e se sentir amado, é uma “escolha”: a primeira infla seu ego, a segunda a sua alma.

Antes só do que mal acompanhada, diz a amiga irritante dos clichês.

Post 14: Educação sentimental: eu li um anúncio no jornal.


Preconceito anda tão demodé, mas mesmo assim as pessoas que se julgam conservadoras – ou são julgadas, de acordo com o ritmo do It – insistem em persistir nessa idéia tão colonial: Maria-vai-com-as-outras.

Acabo chegando à conclusão que preconceito é pura inércia social. Se a Maria acha que é negativo ser negro, deficiente, homossexual, as outras também acabam seguindo de gatinho, vendo as pegadas pra poder provar um não-sei-o-quê.

E o que mais acaba me incomodando é o excesso de cérebros atrofiados. São eles que produzem e demandam a estética da perseguição, visto que se todos nós formos parar e fazer um pouquinho mais de sinapse, as coisas “PRÉ” passam a não existir. O mundo fica sem prefixo. O tema da palavra acaba imperando e, por conseqüência, a harmonia psicológica também. Pensar faz um bem incomensurável. Pra todos nós.

É a diferença que move os pauzinhos para que tenhamos vários horizontes e perspectivas de mundo. Woooorrrrlllld: tá vendo como o mundo é até difícil de pronunciar? Fica mais complicado se o cérebro e a cavidade orofaríngea não estiverem dispostos a QUERER pronunciar. Disposição. É...é um bom começo pro kosmos entrar no processo fundamental do respeito.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Post 13: Sobre Amy Winehouse



Amy é um gênio. Problemática, característica inerente a condição de gênio imortal (em se tratando de sua obra). Chama atenção pelas drogas, pelas brigas com o marido, pelos cabelos, mas principamente pela música. É uma inovação que se calca nas raízes antigas do soul. E a voz... é a voz.
Eu sou devoto... não dá pra parar.


Grammy 2008 - You Know I'm no Good/Rehab


domingo, 10 de fevereiro de 2008

Post 12: Sobre o nada e coisa alguma.

Um vazio crítico me assola. Minhas opiniões parecem inadequadas no momento... as idéias teimam em não se desenvolver. Falta de pensar. Juntar meia dúzia de palavras sobre o nada e cair no velho clichê do “ó Deus, não tenho nada pra dizer então escrevi um texto sobre essa angústia” é patético. Prefiro meu subdesenvolvimento mental... é mais prático, e menos vergonhoso.

Considerações sem importância de uma mente problemática:

- nova temporada de “Grey’s Anatomy” e “Desperate Housewives” essa semana, na Sony;

- “Brothers&Sisters” anda imbatível;

- começa “Damages” também. Glenn Close é Deus;

- Meryl Streep também é Deus;

- espero que Julie Christie ganhe o oscar no próximo domingo... assim como o Day-Lewis;

- a menina da Piaf é até boa... mas essas interpretações-imitações são um pouco irritantes. É mais fácil interpretar uma personagem real com traços fortes e definidos (vide “Ray” ou “Capote”). Construir um personagem coerente apenas com o roteiro é mais válido. É aí que Christie ganha;

- Blanchett é a MELHOR da nova geração;

(falar de tv e cinema é legal!)

Duas das frases mais bonitas da MPB:


“E você me abre seus braços e a gente faz um país”;

“Eu queria te dar amor que talvez eu nem tenha pra dar”.