Em sua maioria, buscas são as grandes razões que ainda dão algum sentido à vida. Acima de qualquer análise e explicações pseudo-psicológicas, buscas são totalmente individuais... e momentâneas. Hoje, eu busco o CD da Calcanhotto, que anda perdido em algum canto. Ontem, eu buscava... enfim. Não há, portanto, unidade no pensamento e nas ações, a fim de que um grupo realmente grande de pessoas esteja satisfeito. Lê-se: você pode discordar de tudo o que eu falar, e pior ainda, pode achar uma merda (nesse caso, não me diga), mas acontecer isso é mais provável do que você achar 50 centavos na rua.
Foi buscando Calcanhotto que percebi que os objetivos são tão voláteis quanto as necessidades, e que "estar feliz" é um estado singular. Obviamente, achar a Calcanhotto não me fará a pessoa mais feliz do mundo, mas me dará uma sensação de alívio e orgulho que beiram a babaquice. Um babaca. A felicidade é babaca. A felicidade, aliás, não existe (pelo menos não na sua plenitude). Não existe. Isso é um fato. Não há, NESSE PLANETA, uma pessoa que seja feliz por completo. Por que? Porque a felicidade é fragmentada. São pedaços de dinheiro, de amor, de sexo, de sucesso, e de milhares de outras ambições (individuais) que não se combinam nunca. Não há amor (no sentido mais bonito que você conheça) nas fragmentações: não se ama/quer só um pouco, busca-se a totalidade; só se ama/quer o todo. Inalcançável essa tal de felicidade...
Talvez querer não seja necessário, talvez a grande busca seja o amor, talvez você case com uma pessoa feia e talvez eu fique rico. Talvez. Talvez a felicidade exista sim, ali... naquele momento que eu achar a Calcanhotto, e for um babaca! Por que? Porque a felicidade é babaca! Usando um clichê (coisa que eu odeio mais que tudo), mas que caí como uma luva para a situação: carpe diem. Sabe... vai ler um livro, comer ameixa, correr atrás do seu cachorro, falar no telefone, fazer pose pro espelho, tirar fotos, falar mal de alguém... a felicidade tá por aí; quando você perceber que aquele momento é especial, é capaz da mágica já ter acabado.
A felicidade vale um sorriso. E um bom filme do Fellini...