domingo, 27 de janeiro de 2008

Post 11: Doces epifanias clariceanas.

Palavras são incompetentes para caracterizar suas virtudes. A inteligência deslumbrante que afaga e embeleza calcifica a sua figura em minhas sinapses ocitocinescas. A vida que oferecia tanta filosofia no papel também a tirara filosoficamente do tal estágio vital.

Os olhos oblíquos esverdeavam os meus, o matiz claro e eslovaco da pele clareava o foco que eu tinha em um horizonte qualquer – tão obscuro e sem nitidez, opaco antes da sua chegada. Sim, comecei a viver aos treze anos a partir de um processo macabéico e do estopim das suas palavras tremeluzentes.

O tempo. Alguns anos tiraram-na da minha vida e ficou a eterna indagação de quando e onde a encontrarei. Por enquanto, absorvo os vestígios e resquícios da forma da letra e do eco da quarta dimensão, essa eterna traiçoeira. Ato voluntarioso dos vocábulos. É assim que estão agora. Empacaram e me deixaram só, aqui, no meio desse universo lingüístico infiel.

A sua sabedoria é sobre-humana, esplêndida, divina e divinizada. Clarinha, Clara, Clarice – puramente um mito carnalizado, pouco captado pelos indivíduos assaz dérmicos.

Sobrenome de diamante. Ao mesmo tempo belo, duro e delicado. Latino: “Flor de Lis”. Lispector.