É, é duro assumir, mas se morre. A morte tá aí, calma e agressiva, fria e quente, impulsiva e calculista. Enquanto a gente pisca, ela se concretiza em algum lugar. Mas é tão estranho falar em concretude nesse aspecto! Isso porque quando se morre, torna-se espectro, ectoplasma. Torna-se “pfff”. Os olhos já não podem ver, as mãos já não podem tocar. E como se fala em concretude depois disso?
O mais curioso é que a morte possui uma faceta em vida: são os zumbis terrenos, os mortos-vivos cotidianos. Aquelas pessoas inertes e inacabadas, sem perspectivas, sem horizontes. Isso é que é o mais deprimete: a morte em vida.
E o tão incumbido espírito...ele que carrega o peso das epifanias. Epifanias...estalos de interruptores luzentes. São elas que impedem a ação mortífera de cada dia, impondo uma força repulsiva e impulsiva no espírito. Sem esses “insights”, tudo é breu. Metáforas universais e diacrônicas.
O mundo é dicotômico, meu caro. Morte e vida se alternam, por vezes andam amalgamamente unidas como numa ligação covalente.
Olha lá pra fora! Tá vendo aquela estrela? É, ela é e não é. Está e não está. Tudo isso por causa do Tempo...anos-luz de espera, de luta pelo brilho próprio, para no final acabar. As estrelas acabaram. Vida e morte, luz e breu. Nem as pobres αστερισκος sobreviveram ao estalo onipotente e voluntarioso da morte. Palavra pesada, não? Morrrrrrrte. Fricativa demais pra mim.
Acho que erraram de nome. “Deus”, na verdade, é Dioniso. Ou Baco, se preferirem. Tudo em função dos paradoxos.